O teste VIA é uma autoavaliação cientificamente aprovada. Ele objetiva identificar as principais forças de caráter de uma pessoa.
Forças de caráter são qualidades que resistiram à passagem do tempo, comuns a diferentes povos e religiões e que admiramos em nós mesmos e nos outros. Elas são rotas para se alcançar as virtudes universais.
Abaixo estão as virtudes e as forças de caráter associadas a elas:
Sabedoria: criatividade, curiosidade, julgamento (critério, dicernimento, senso crítico), amor ao aprendizado e julgamento (perspectiva).
Coragem: bravura, perseverança, integridade (honestidade) e vitalidade.
Humanidade/Humanismo: amor, generosidade (bondade) e inteligência social (emocional).
Justiça: justiça (imparcialidade, cidadania), liderança, trabalho em equipe.
Temperança: perdão, humildade, prudência e autocontrole.
Transcendência: apreciação da beleza e da excelência, gratidão, esperança, humor e espiritualidade.
Para identificar essas forças, o teste VIA usa 120 afirmações, ja testadas por mais de 15 milhões de pessoas no mundo. O resultado vem ordenado, partindo das principais forças de caráter do indivíduo, que ficam entre as cinco e sete primeiras classificações, em direção as menores forças.
Christopher Peterson, o criador do teste, denominou as forças principais de assinatura por conta de elas definirem a identidade central do indivíduo, o seu estar no mundo de uma forma única. Elas são as forças que fazem cada um agir como age e ser quem é. A forças de assinatura se manifestam sem esforço. O melhor de tudo é que servem como um elixir de vitalidade: quanto mais o indíviduo as usa, mais energizado ele se sente.
As forças que vêm depois das da assinatura são as forças médias. Não estão tão a mão quanto as forças de assinatura. Normalmente são usadas em contextos mais específicos, como no trabalho, por exemplo.
Por último, existem as forças menores. Essas são mais passivas, mas não devem ser confundidas com defeitos. Elas são usadas também só que com muito menos frequência que as anteriores.
As forças de assinatura podem ter a sequência mudada se a pessoa fizer o teste em diferentes momentos da vida. Por exemplo, eventos como gravidez, nascimento de um filho, morte de ente querido, mudança de emprego, e mesmo a pandemia de Covid-19, podem ocasionar mudanças. Essas alterações ocorrem, na maioria das vezes, entre as dez primeiras forças já que a personalidade humana tende a se manter estável ao longo do tempo.
Da mesma forma, uma força menor dificilmente vai se tornar a primeira, mas pode acontecer por meio de trabalho com intervenções, por exemplo. Existe um caso, relatado pelo Dr. Ryan Niemiec (Instituto VIA), de uma pessoa que conseguiu, através de alguns anos de trabalho com intervenções copiosamente, trazer a sua última força para o primeiro lugar. Eu conheço uma professora que teve a força mais baixa dela, saindo de vigésima quarta posição, para o primeiro lugar durante o primeiro ano de Covid-19. Entretanto, embora isso seja possível, dada a plasticidade de nosso cérebro, não é nenhum pouco comum.
Cabe destacar, ainda, que o objetivo do VIA é de ser descritivo, ou seja, enfatizar a classificação dos melhores ingredientes psicológicos dos seres humanos e não de prescrever o que alguém deve fazer. Ele também não compara os resultados de uma pessoa com a média de uma população, por exemplo, ou com o de outra pessoa, porque os padrões de resposta da autoavaliação são bem pessoais. Entretanto, ele pode também avaliar as forças de carácter de grupos de trabalho, famílias, cidades, países etc.
No Brasil, o Instituto VIA realizou o teste com 6, 5 milhões de profissionais. De acordo com os resultados, as forças de assinatura do profissional brasileiro são: justiça (imparcialidade), generosidade (bondade), julgamento (senso crítico), gratidão e integridade (honestidade), seguidas por trabalho em equipe, amor e liderança. Uma boa mistura entre forças do coração, por exemplo, generosidade e gratidão e de forças mais cerebrais, a exemplo da justiça e do julgamento.
Como surgiu o VIA
Em 1998, Martin Seligman, o pesquisador que deu corpo à psicologia positiva, foi eleito presidente da Associação Americana de Psicologia (APA). O objetivo de sua gestão foi tornar os estudos científicos na área da psicologia mais equilibrados. Isso significava trazer o foco das pesquisas que era, em grande parte, em disordens, doenças e conflitos, para experiências subjetivas, características positivas e instituições positivas. Para isso, ele buscou várias pesquisas focadas em bem-estar, realizadas antes dos anos 90, e promoveu novos estudos na área.
Considerando que havia um sistema para classificar os distúrbios psicológicos e mentais das pessoas, mas que não havia nada do mesmo tipo para classificar as forças humanas, era necessário criar uma nomenclatura para classsificar os traços positivos. O objetivo era que essa classificação servisse como espinha dorsal para pesquisas, diagnósticos e intervenções na área de psicologia positiva. Assim, foi criado o Manual de Forças de Caráter e Virtudes. Partindo dessa estrutura, o pesquisador Christopher Peterson criou, então, uma ferramenta científica para testar as forças de carácter, ou seja, o teste VIA.
Se você quiser conhecer com profundidade suas forças de caráter, entre em contato pelo nosso formulário de contato.
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REFERÊNCIAS
Livros Boniwell I. & Tunariu, A. D. (2019). Positive Psychology: Theory, Research and Applications. London: Open International Publishing. Second edition.
Niemiec, R. (2018). Character Strengths Interventions. A Field Guide for Practitioners. UK: Orgrefe Publishing.
Peterson, C. & Seligman, M. (2004). Strengths and Virtues: A Handbook and Classification Hardcover. Washington, DC: Oxford University Press.
Seligman, S. (2018). The Hope Circuit: A Psychologist's Journey from Helplessness to Optimism. New York: Public Affairs.
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